Discussões e mar.

"Pensei que amasse todas as minhas manias. Mas parece-me que amor já não é mais suficiente para ti."

O sorriso do tormento

"As lembranças vieram em flashes, relembrando-me da minha dor – necessidade, angústia e aflição. Era um mar de desilusão."

Entre sonhos e realidade

"Tornara-me uma viciada, dependendo de cada mínima parte daquele ser irresistivelmente desejável."

Nessa linha tênue entre sonhos e realidade

"Ah! Que vontade de sonhos, de sorrisos, de ser feliz. Que vontade de uma nova realidade..."

E de sobremesa: feminismo

"Tudo parecia caminhar para o fim de encontro ideal. E, então, eles pediram a conta."

quinta-feira, 29 de março de 2012

CH: E de sobremesa: feminismo



Fora um bom jantar.
A conversa fluíra naturalmente, não houvera espaços de silêncio entre um assunto e outro, o homem aparentava ser interessante e bem instruído. Professor de ensino médio, separado, pai de uma menina. Tudo parecia caminhar para o fim de encontro ideal.
E, então, eles pediram a conta.
“Eu pago.”
A mulher encarou-o, meneando a cabeça em forma de negação. Não era irritação que lhe tomava o corpo, pois dessa fase já passara há muito tempo – lá para depois de uma dezena de encontros. Estava sinceramente desapontada.
“Não precisa, a gente divide”, tentou inutilmente salvar a situação. Já sabia, porém, ser caso perdido, porque homens tendiam a entender essa frase como mera demonstração de educação.
Não era.
“Que isso. Eu faço questão”, declarou, galanteador, já mexendo na carteira para fazer o trabalho sujo.
“Você esteve aqui hoje? Nesse mesmo encontro que eu?” Ele parou o que fazia, estranhando a pergunta. Seu cenho se franziu enquanto a olhava, pronto para perguntar do que diabos ela falava. “Você ouviu uma palavra do que eu disse? Aliás, você realmente concordou com as palavras que eu disse? Não! Nem precisa responder. Sua atitude já demonstra que você absorveu apenas o que queria.”
O homem abriu a boca, atônito, considerando a possibilidade de a mulher ser louca.
“Do que voc...?”
“Olha, querido, você é um cara legal e provavelmente se daria muito bem com a maioria das mulheres. Só que eu não sou como a maioria das mulheres. ‘Ah, que frase clichê!’ alguns diriam, mas eu não falo isso porque me acho muito mais interessante e bonita do que a maioria. Se você tivesse realmente ouvido tudo o que falei esta noite, você já teria entendido por que estou agindo feito louca. O problema é que eu estou cansada de banalizarem o feminismo, de utilizarem dele apenas o que lhe serve e jogar fora o resto. ‘Queremos igualdade de direitos!’ ‘Mulheres merecem ser tratadas iguais aos homens!’ Aí essa mesma feminista que fala isso, vai num encontro mais tarde e deixa o cara pagar a conta toda. Faça mil favores! Pra que pedir salários iguais, então, se no final das contas é ela quem sai ganhando? Quer receber dinheiro e deixar os outros pagarem pelo seu lazer? Daqui a pouco os homens vão à falência e vai ser criado o ‘Bolsa Encontros’ só para vocês conseguirem nos bancar. De certa forma, eu até entendo que você não tenha cogitado a possibilidade de eu ser uma feminista de verdade, apesar de estas estarem quase extintas no Brasil, e eu sinto muitíssimo mesmo por estar dando este surto. Eu só estou extremamente cansada de insistir em ajudar a pagar a conta e vocês olharem para mim como se eu fosse uma bonequinha de porcelana. Eu trabalho, eu ganho meu próprio dinheiro, eu me sustento e eu sou independente. Não dependo de pais, família, amigos E MUITO MENOS DE HOMEM! Então, pelo amor de Deus, dá próxima vez, ouça o que a mulher a sua frente está falando em vez de filtrar apenas o que te interessa.”
O silêncio que se estendeu foi longo, longuíssimo. O restaurante inteiro parara para o discurso interminável. Era possível ouvir-se o tique-taque do relógio, o choque de copos pousando nas mesas, o zumbido dos mosquitos que voavam pelo ambiente. Nenhuma palavra foi dita por um minuto inteiro. E, quando o homem falou, foi com um fiapo de voz.
“Eu só estava tentando ser cavalheiro”.
E com um bufar irritado, a mulher jogou uma nota à mesa, o guardanapo na cadeira e foi embora zangada, perguntando-se se não deveria virar machista e explorá-los até o último centavo ou simplesmente comprar um aparelho de ouvido para seu próximo encontro.
Se as coisas continuassem daquela maneira, ela acabaria ficando para titia.
Que desperdício!

quarta-feira, 28 de março de 2012

CH: Solidão



A noite não era estrelada. Escuridão pura, sem nem mesmo a lua para iluminar. Eclipse total. Patrícia inspirou fundo o cheiro da solidão. Solidão pútrida, e agradável. A brisa gélida bateu em seu rosto fazendo-a lembrar-se dos meses dolorosos trancafiada na casa que deveria ser seu lar. Lar esse que lhe providenciara mais sofrimento do que felicidade.
Lembrou-se da mãe caindo pelos cantos, o cheiro da bebida terrivelmente insuportável. Lembrou-se do padrasto, homem inescrupuloso, miserável. Lembrou-se da vida hedionda que levava até o tão esperado dia. Ela não conseguira nem mesmo esperá-lo chegar oficialmente. Arrumara as malas e à meia-noite de seu próprio aniversário de dezoito anos já se encontrava naquela solidão amigável.
“Bem vinda à liberdade”, ela diria.
Quando amanheceu, Patrícia seguiu até a lojinha da praça. Guardara dinheiro de bicos e trabalhos durante anos para aquele dia e, desde sempre, soubera o que faria primeiro quando tudo acontecesse.
Tatuou sua liberdade. A pequena borboleta em preto-e-branco no início de sua nuca indicava que agora era livre. Só, porém feliz. Liberta de todo o mal que tivera que enfrentar a vida inteira.
Respirou lentamente, observando o céu negro. Sentiu que podia voar para dentro daquela imensidão obscura – como fora sua vida até então. E esperar pelo nascer do sol, pelo calor que aqueceria sua pele, pelo sorriso que seria pregado em seu rosto, pela felicidade que sonhara praticamente desde que nascera e pela cor que a liberdade pintaria em seu novo mundo.

domingo, 25 de março de 2012

CH: O sorriso do tormento



Meu olhar estava grudado no telefone. Gotas de água salgada lavavam meu rosto, escorriam por minha boca e trilhavam seu caminho sem importar a direção. Porém, o olhar ainda estava no telefone. Como se apenas minha força de vontade fosse capaz de fazê-lo tocar (era isso mesmo que eu queria? Ou era eu quem queria usá-lo? Pra falar o quê? Pra ligar pra quem? Já nem sei mais). O relógio me encarava à espera, sorria debochado para mim.
“Ela nunca ligará”. Eu deveria?
Peguei o fone.
“E agora?”, perguntei-lhe tolamente.
“Não há ninguém”.
E chorei de novo.
As lembranças vieram em flashes, relembrando-me da minha dor – necessidade, angústia e aflição. Era um mar de desilusão. Adentrando cada poro de minha pele. Inundando cada vaso sanguíneo, encharcando órgãos, mas murchando coração. As lágrimas, entretanto, apenas continuavam vindo.
Meu corpo tombou languidamente na cama e, quase que instantaneamente, o grito da minha solidão reverberou pelo quarto, acordando cada mísero objeto do cômodo. E riram. As imagens rodopiavam em meu campo de visão. Gargalhadas e deboches. Deboches e gargalhadas. E o sorriso.
O sorriso me marcou.
Era zombeteiro e astuto, como o gato de Cheshire. Pronto para dar o bote. Pronto para me atormentar com o motivo real do meu desengano. Era o telefone que vinha em minha direção. Gargalhava, debochava e sorria. Sorria, debochava e gargalhava. E vinha. E vinha. E vinha...

Acordei assustada. As gotas em meu rosto eram apenas de suor. O quarto estava inundado com as cores da aurora – estático. Meu olhar seguiu, imediatamente após, ao telefone. E eu o tomei em mãos sem medo, discando o número já decorado.
“Oi.” Meu suspiro de alívio foi descomunal. “Aconteceu alguma coisa?”
“Apenas fantasmas do passado.” Pausei. “Só precisava ouvir sua voz para afugentá-los”.

sábado, 24 de março de 2012

CH: Inverno


 

Ela ainda podia ver seu sorriso. Contagiante. Lindo, lindo. Tudo nele era a prova viva de que a perfeição realmente existia. Pegava-se admirando constantemente aqueles traços tão bem desenhados, seus fios de cabelos sempre desarrumados, o perfume que impregnava sua mente.
Achara que finalmente tinha alcançado a felicidade. Ele era o certo!, afirmava com convicção. Quando ele aparecia, era como se o verão tivesse chegado. O sol abria-se, não havia nuvens negras no céu. Sua vida tornara-se num clichê tolo e delicioso. O conto de fadas não a irritava mais como costumava. Ela era a gata borralheira e ele, seu príncipe encantado.
Apertou os olhos ao que a dor atingia seu coração com mais força. O frio que assolava seu corpo e mente era tamanho que ela desejou por um momento que ele estivesse lá novamente. Ele faria o inverno ir embora. Varreria a neve do seu quintal e ela poderia ouvir novamente os passarinhos cantando.
Mas ele nunca voltaria. Ela o mandara embora, expulsara-o de sua vida quando descobriu que a perfeição não existe. Quando descobriu que tudo o que planejara para seu futuro fora despedaçado.
Mais um cara. Mais um idiota. Mais uma desilusão.
Ela não poderia ligar menos para os flocos de neve que caiam vagarosamente em cada membro seu. O mais importante deles já se afundara num terreno gelado. Apertou os olhos novamente, desejando que pudesse fazer desaparecer a visão de seu coração, pulsante e vermelho, sendo arrancado de seu peito e jogado ao chão como lixo. Jazeu solitário por apenas alguns segundos antes de congelar totalmente e ser quebrado pela ponta de um salto alto cor de sangue. Não fora assim, afinal, que ela se sentira?
Tentou inutilmente controlar a dor, recuperar sua felicidade. No fundo, sabia, no entanto, que nem o tempo seria capaz de juntar novamente os destroços de sua vida.

sexta-feira, 23 de março de 2012

PS: Sorrisos vazios




Histórias me são contadas. Vidas são vividas. E eu aqui, sentada, esperando. Forço um grande sorriso e finjo que tudo está bem - quando, no fundo, a dor é lancinante. Sinto como se houvesse um grande buraco em meu coração, de onde um pedaço foi arrancado há tanto tempo que eu nem mesmo me lembro de quem deveria sentir falta. Há alguém? Deveria haver? Porque sinto esse vazio em mim, mas quando tento lembrar não há lembrança alguma. Queria sentir algo. Qualquer coisa. Amor ou ódio ou saudade ou decepção. Queria acreditar que, em algum momento, meus sorrisos foram verdadeiros e a minha dor foi consequência de um antigo instante feliz. Mas estou vazia como uma folha de papel jamais preenchida. Escondo minhas lágrimas para confortar alguém, quem quer que seja - que tem muito mais a contar do que eu. Dizem que todos nós temos um propósito na vida, mas qual seria o meu? Porque nessa vida de horas vazias, não vejo nenhuma outra serventia para mim exceto tapar buracos. Mas o meu próprio continua lá. Intacto. Fundo como a cova que espera minha oca vida.

quinta-feira, 22 de março de 2012

PS: Cicatrizes


Depois de um tempo você se acostuma… A não falar, a não confiar, a não viver. De fato, esse se tornou o lema da minha vida: não viver pra não sofrer. Tudo o que eu guardei durante esses anos foi se acumulando sem eu nem mesmo perceber. Mas a dor que eu tão piamente acreditara ter enxotado da minha vida durante as intermináveis sessões de choro diárias resolvera me atormentar novamente. E os momentos de tristeza iam e voltavam, como machucados leves em cima de uma antiga lesão, cortando apenas o suficiente para anunciar sua permanente presença. E eu não ouvi. Ou fingi não ouvir. Até que a camada de proteção que meu próprio corpo fizera sobre o machucado rompeu-se de maneira tão bruta que a dor foi ainda mais intensa e excruciante do que da primeira vez. E mesmo querendo me livrar, me libertar de tudo aquilo que mantinha meu sofrimento, já era tarde demais para querer voltar atrás. Minha boca se cala quando me perguntam, minhas lágrimas se retêm em meio à multidão – apenas para que, no final do dia, eu volte a sofrer sozinha e sem ninguém, como sempre achei melhor.
Talvez realmente seja. Talvez a dor da decepção, a sensação de ser ignorada e perceber-se sem importância seja muito pior do que a verdadeira dor.
E com isso vou levando.

Um dia passa.

quarta-feira, 21 de março de 2012

CH: Entre sonhos e realidade



Sua boca próxima à minha. Seu corpo colado ao meu. Um vai-e-vem agonizante na qual seus lábios jamais ultrapassavam a linha tênue que separava nossas peles. Queria esticar os braços e tocá-lo, fazê-lo se arrepender das provocações, mas era como se estivesse presa àquela cama, sem conseguir me mover.
Ergui a cabeça, em uma tentativa frustrada de beijar aquela boca perniciosa na qual eu tantas vezes antes me perdera. Era quase como se o Diabo fosse dono dela, pois jamais a tocara sem sentir desejos que Deus desaprovaria.
E ele se afastou novamente antes que eu tivesse a chance de quebrar aquela distância. Urrei de raiva, vendo-o soltar uma gargalhada prazerosa que arrepiou até o último pêlo da minha nuca. Queria que ele parasse de brincar comigo e acabasse com a tortura quase violenta a que me submetera. Queria o embate dos nosso corpos, o calor da sua pele, a habilidade de suas mãos, o prazer que só ele sabia me dar. Tornara-me uma viciada, dependendo de cada mínima parte daquele ser irresistivelmente desejável.
Arfei quando ele voltou a se aproximar, dessa vez, realmente encostando nossas peles, pouco a pouco, começando pelas pernas, pressionando seu sexo sobre o meu até que nossos lábios estivesse a milímetros de distância.
Fechei os olhos. Mas nada me tocou.
— Hora de acordar, pequena.
Eu os abri novamente, de súbito, e lá estava meu quarto, vazio; nem sinal dele.
Fora um sonho — ou um pesadelo. Eu não saberia dizer.
Afundei-me na cama sempre tão macia, mas que agora parecia debochar de mim, rindo da minha solidão.
Olhei para o calendário na cabeceira, percebendo que fazia exatamente uma semana desde a última vez que o vira. E mesmo que ainda faltasse uma eternidade para nosso reencontro, eu sabia que, na próxima noite, ele estaria comigo novamente.
E, dessa vez, sonho ou não, ele não me escaparia. 

segunda-feira, 5 de março de 2012

Dez coisas que marcaram meu 2011


Antes de tudo, gente, queria pedir desculpas pela quase-uma-semana de demora para fazer um novo post. É que eu andei meio indisposta, no final de semana tive febre e não pude descansar porque tive a festa de 18 anos da minha melhor amiga ft. colação de grau no dia seguinte... Aí, já viram, né?
Pra recomeçar com um post leve, peguei a listinha que a Agnes, do blog Garotas do Século XXI, me indicou há umas duas semanas atrás sobre as 10 coisas que marcaram o meu ano de 2011.










1. Fazer parte da equipe do Depois dos Quinze.
2. Cantar na Fête de La Musique.
3. Terminar meu livro (e ainda completar 30 mil comentários no tópico do Orkut).
4. Ir ao show do McFLY.
5. Ir ao show do Paramore.
6. Fazer 18 anos ft. entrar na minha primeira festa para maiores de 18.
7. Minhas festas de formatura.
8. Meus seriados (<3).
9. Meus amigos (<3).
10. Minha família linda (<3).


Tenho que indicar 10 blogs pra fazer a listinha, mas infelizmente conheço poucos ainda. =[ Vou só indicar dois, mas quem quiser fazer como indicação, sinta-se à vontade, rs.


1. http://mauraparvatis.blogspot.com/
2. http://17ezesseteinvernos.blogspot.com/