quarta-feira, 25 de abril de 2012

PS: Um sincero desabafo que nada tem a ver com amor e solidão (ou será que tem?)


Há, sim, um vazio. Não de outro alguém, porém: de mim. Há um vazio como se a real essência do meu eu houvesse ficado para trás com o passado. Esqueceu-se de caminhar ao meu lado. Há um vazio que incomoda. Se chacoalhar faz barulho, pois há um coração e só. E ele balança - jogado de um lado para o outro, sofrendo as dores que essa essência deveria amortecer. Ah! sim, como um plástico bolha.
As palavras fluem; ao menos elas resistiram aos obstáculos. De que adianta, no entanto, tê-las e não ter a vontade de pô-las em um papel? Ou tê-las somente, e não a experiência para transformá-las em algum bonito, legível, quiçá tocante?
Ah! e a paixão. Uma vez disseram-me: "pareces que sofre de amor", mas não é sofrimento de amor, não; é desamor. É falta de tudo, de sentir, de tocar, até de sofrer e fazer as pazes em seguida. Só não sei se "falta" é a palavra certa. Há como sentir saudade daquilo que nunca teve?
E a escrita parece sempre pecar com essa inexperiência. Pois posso transcrever o que vejo, mas jamais transmitir com clareza aquilo que nunca tive a oportunidade de provar. Minha base são os livros. E, nem mesmo eles têm conseguido me salvar. Deve ser meu coração impedindo aquela ânsia do conhecer para evitar sofrer. O coitado já tem tantas cicatrizes que provavelmente não aguenta mais. Mas a dor é minha companheira. Senti-la é saber que ainda vivo, apesar dos apesares.
Assim vou levando. E levantando. Caminhando para o nada, torcendo para estar no caminho certo. Vai ver eu acho o retorno e encontro aqueles sentimentos perdidos no caminho. Vai ver eu sigo em frente e conheço novos. Vai saber...

2 criaturas relataram nesta postagem:

Que lindo, nossa. To sem palavras, descreve exatamente o que ando sentindo.

Que lindo Clara! É realmente isso, muitas vezes escrevemos sobre o tal amor, a tal decepção, a tal falta que nem nós sabemos o que é. Salvei nos favoritos <3

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