Discussões e mar.

"Pensei que amasse todas as minhas manias. Mas parece-me que amor já não é mais suficiente para ti."

O sorriso do tormento

"As lembranças vieram em flashes, relembrando-me da minha dor – necessidade, angústia e aflição. Era um mar de desilusão."

Entre sonhos e realidade

"Tornara-me uma viciada, dependendo de cada mínima parte daquele ser irresistivelmente desejável."

Nessa linha tênue entre sonhos e realidade

"Ah! Que vontade de sonhos, de sorrisos, de ser feliz. Que vontade de uma nova realidade..."

E de sobremesa: feminismo

"Tudo parecia caminhar para o fim de encontro ideal. E, então, eles pediram a conta."

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

PS: "Sometimes I think I was born backwards..."



É triste perceber que minhas metas não são meus sonhos e que minhas realizações não são meus desejos. Quando foi mesmo que a sociedade começou ditar minhas opiniões? Quando foi que eu parei de impor minhas vontades e fazer o que eu realmente quero, não o que esperam que eu faça? Eu não saberia dizer... Chega a ser até irônico, porque a ameaça implícita é a de que, se você não seguir a regra, a sociedade vai te marginalizar. Mas se você seguir, ela vai te padronizar. De um jeito ou de outro, o resultado é o mesmo: lutar contra o sistema, significa se isolar da sociedade; deixá-lo te guiar, é viver em uma sociedade de solitários.
O pior de tudo é que, na minha cabeça, eu sei que sou diferente, porque eu quero aprender, eu quero criticar, eu quero opinar, eu quero fugir, eu quero mesmo que a sociedade se exploda com seus vinte iPhones e Eike futilidades... Mas a pressão é tão grande que eu me auto-rotulo ao pensar diferente. Critico-me por não querer o mesmo que os outros; não foi assim, afinal - desse jeito e ponto final -, que sempre me disseram que tinha que ser? Então por que eu quero tanto sair da linha de montagem e fugir dessa fábrica de descerebrados? Por que eu quero viver por aí, agir à minha maneira, seguindo apenas minhas próprias regras; ser livre pra fazer o que eu amo, longe das críticas irracionais; e, acima de tudo, lutar para libertar quem eu puder dos olhos do Grande Irmão?
Vai ver a minha venda estava frouxa e o vislumbre que eu tive do mundo lá fora me encantou. Ou vai ver todos estes livros (meus amores!), me despertaram: o Harry da querida Joanne me deu um cutucão, daí o senhor Shakespeare me gritou seu Sonho de Uma Noite de Verão antes que minha Jane viesse conversar sobre Orgulho e Preconceito; então o Sem-Pernas do seu Amado me puxou pelo braço para eu ir com o Peter pra Nárnia. Ou vai ver eu vim mesmo é com defeito de fábrica. O que importa, afinal, é que eu acabei aqui neste Limbo e tô com muito medo de tomar uma decisão: Realidade ou Ilusão?

domingo, 1 de julho de 2012

CH: Eremita



Ouvia o chilro dos pássaros e o bater de suas asas. Se fechasse os olhos e prendesse a respiração, conseguiria até mesmo descrever suas ações – o balançar de suas cabeças, o contato entre dois ou mais. Entretanto, quando abria os olhos e procurava-os com o olhar, só encontrava o nada. Vez ou outra a traseira de um deles revelava seu esconderijo. Assim que se percebiam achados, no entanto, voavam para longe, rápido o suficiente para que ela os perdesse de vista – como se fugissem de uma assombração.
Não era assombração alguma. Era apenas Rafaela (era pior, ela acreditava).
A mulher compreendia que não era sua presença que afugentava os seres daquele ambiente tão tranquilo. Era a sua aura, a nuvem negra que carregava acima de sua cabeça. Guardava dentro de si uma espécie de melancolia, da qual tentava desgarrar-se, mas parecia prender-se cada vez mais em seu corpo, como um carrapato extremamente inconveniente.
Não queria ser assim – ou viver assim. Queria livrar-se do sofrimento que havia seu peito e deixar as apreensões de lado para viver sua vida em paz, sem se preocupar diariamente com o futuro e com as possibilidades (e livrar-se da esperança que crescia como fermento, aumentava sua expectativa e puxava seu tapete com força quando sua querida companheira, a frustração, resolvia dar as caras). Havia momentos em que ela quase chegava a sentir como era essa liberdade que tanto almejava: quando saía para a faculdade ou para o trabalho, por exemplo, onde encontrava seus colegas; ela distraí-se, abstraía tudo o que rondava seus pensamentos, e permitia-se sorrir por instantes com as brincadeiras e conversas banais. Era preciso apenas distanciar-se por um momento das outras pessoas para que a dor a atingisse com tal força que se tornava quase impossível chegar a sua casa antes de afogar-se em lágrimas.
Rafaela ergueu-se do chão, saindo debaixo da sombra da árvore em que se refugiara, e deu alguns passos à frente. Parou no centro da clareira e olhou para o céu somente para sentir a ardência provocada pela luz do sol, forte, que pairava no ponto mais alto daquela imensidão azul. O dia era bonito, contrastando com o clima acinzentado dentro de si.
Gritou de supetão. Um grito tão forte que afugentou novamente os pássaros de seu habitat. Um grito tão longo que, quando terminou, ainda ecoou por alguns segundos. Um grito tão doloroso que fez várias folhas verdes se despenderem das árvores. Um grito tão intenso que lhe sugou as forças. Tombou em seguida, de fraqueza, no campo gramado. Não chorou, ou contorceu-se de dor. Expulsara todos os seus sentimentos com o berro agourento de segundos antes. Apenas observou o céu, desejando ficar ali para sempre, sem precisar levantar-se e encarar novamente aquela semivida que levava.
Os segundos arrastaram-se com dificuldade. Ela mesma sentia-se sem força para fazer qualquer movimento. Considerou ficar ali até a escuridão engoli-la por inteiro; deixar-se-ia à mercê da vida noturna da floresta, correndo até o risco de ser devorada no sentido muito além do figurado. Perguntou-se se alguém a procuraria. Preocupar-se-iam com seu sumiço? Sentiriam sua falta?
As perguntas sem resposta acumularam-se em seu peito e mente. A dúvida correu por seu corpo, corroeu suas entranhas.
Pagaria pra ver.
Então ficou.
E ficou...

domingo, 13 de maio de 2012

CH: Funeral




Hoje eu tomei uma decisão muito importante. Eu sei que, à primeira vista, ela pode parecer precipitada ou impulsiva, quiçá imatura, mas não se preocupe, meu bem, é algo em que venho pensando há muito tempo. A decisão, inclusive, foi feita há tempos – porém, só agora tomei coragem para pô-la em prática.
Veja bem, estou aqui agora, estática, frente a esta pequena cova que cavei em meu próprio quintal e sinto que a ação tomada já começa a surtir efeito. Não sinto dor nem sofro como provavelmente o faria algum tempo atrás. Bem, acho que estou mentindo. Sinto muito, mas a dor é grande demais para explicá-la. Além do mais, mentir faz parte do processo e isso, alegro-me em dizer, foi algo para o qual não precisei me esforçar (mentir tem sido uma ação frequente para mim, especialmente quando questionada sobre meu estado).
De qualquer maneira, cá estou encarando meu trabalho braçal e perguntando-me se não devia ter ido mais longe, quem sabe para outro estado, para que os resquícios dessa loucura mantivessem-se afastados, impedindo-me de uma recaída. A verdade, porém, é que não pude. Não consegui, não pude, não questione! Ele ainda estava aqui quando a coragem me tocou e lutou – muito! – por sua sobrevivência. Como nota, não conseguiu, mas impôs tal condição com um desespero que nem mesmo a pior das criaturas poderia negar. Confesso que minto novamente. O problema é justamente esse: não sou a pior das criaturas, mesmo que o planeje ser. Sou sensível, volátil, facilmente manipulável e ele sabia disso, por isso apelou. Maldito seja!, ouso amaldiçoá-lo. Sim, pois quanto mais próxima, fresca, toda esta situação ainda estiver, maiores são as chances de arrependimento. É claro que era essa sua intenção – mas eu ainda acredito em minha força e sei que posso lutar contra sua ideologia imbecil. Essa esperança foi, provavelmente, a única que restou em mim. (Mentiras, mentiras e mais mentiras! Sua tola esperançosa!, seja sincera ao menos uma vez na vida, eu quero que você fale a verdade na cara de todo mundo e diga o que pensa sem mentir, pois a única mentira que contará será sobre o que você sente toda noite quando está sozinha e ninguém está enganando esse coração molenga e traiçoeiro que agora você joga fora nessa cova mal feita e cheia de desespero. Eu quero que você grite, zombe, que você ria na cara dos outros e mostre que tudo o que eles acreditam é uma mentira, que amar é besteira, sofrimento é psicológico – amar é psicológico!  e ser feliz é uma ilusão criada por um conto de fadas mal escrito! Eu quero que você enxugue essas lágrimas e pare de sentir pena de si mesma, que você se projete para o mundo sem achar que precisa de um homem para ser feliz, sem se apaixonar pelo primeiro que disser que te acha linda só porque seus problemas de autoestima são tão gritantes que é possível sentir o cheiro em um raio de cinquenta quilômetros. Eu quero que você extrapole, que você corra riscos, que se jogue de cabeça sem pensar até desistir! Eu quero que você morra vivendo ao invés de viver morrendo, porque mais vale um coração de pedra com toda sua força do que uma manteiga derretida que só sabe deixar pedaços melecados nas mãos de quem o toca! Chega! Chega! Chega!)
Chega! Não tenho mais nada a lhe explicar, meu bem, porque não quero mais seu bem. Quem queria está agora jogado nesta cova no quintal de minha casa e assim que esses fantasmas me deixarem em paz, será como se ele jamais houvesse existido.
Então, por favor, vá para o inferno! E logo eu estarei melhor do que jamais estive. (Mentira?)

quinta-feira, 10 de maio de 2012

PS: Despedaçar(-se)



‘Tô tão cansada desses altos e baixos. De que adianta olhar-me no espelho e achar-me bonita se quando sorrio não enxergo verdade nesse ato? Não tem felicidade; a euforia que me bate é como a de uma droga, feita para durar apenas algumas horas – por vezes, ela até alcança um ou dois dias após outras doses, mas quando vai embora deixa para trás um buraco ainda maior do que o que encontrara ao chegar. Como uma tampa pesada em um poço cujas paredes já estão apodrecidas por dentro, o preço a se pagar cresce a cada vez que ela se faz necessária: pode, momentaneamente, proteger das impurezas, mas quebrará o encaixe lentamente e a cada nova necessidade será preciso uma tampa ainda maior.
Honestamente, não sei o que procuro. Sinto-me como um errante, sem destino, e quando me ponho a divagar sobre tudo o que poderia ter acontecido desperto um monstro em mim do qual nem mesmo tinha noção da existência. Lembro-me dos caminhos que deixei de seguir por puro medo do desconhecido e pergunto-me e se? Lembro-me das pessoas de quem já gostei e jamais movi um dedo sequer para tentar algo mais, como se não me julgasse merecedora de ter meus sentimentos correspondidos. Às vezes, questiono-me até mesmo como seria me apaixonar, mas trato de espantar a dúvida porque ela parece ridícula até mesmo em minha mente. Talvez em tempos passados – tão remotos! –, mas hoje não passo de uma Fera às avessas; e “quem conseguiria amar uma Fera?”.
Eu tenho plena consciência dos poucos regalos que recebi ao longo dessa vida (sim, eu tenho!). Como não poderia, entretanto, faltar oposição após uma frase tão positiva, o meu “porém” é não conseguir mais me contentar com pouco – apenas porque é isso que tenho feito minha vida inteira. Vejo o quanto caminhei e parece até piada o pequeno monte de boas conquistas entulhado em um canto do quarto. Será sempre assim?, pergunto-me estarrecida. E talvez seja essa resposta que me motive a seguir em frente e me impeça de simplesmente desistir de vez. Porque a verdade mesmo é apenas esta: estou perdida.

Her feelings she hides 
Her dreams she can't find 
She's losing her mind 
She's fallen behind 
She can't find her place 
She's losing her faith
She's fallen from grace 
She's all over the place

quinta-feira, 3 de maio de 2012

PS.: Mau-olhado



Cala esta boca que fala, fala sem parar.
Segura este bico que não sabe a hora de silenciar.
Fecha esta mente que só quer espalhar
Aquilo que nem certo está para o outro desgraçar.
E nessa vida de incertezas
Não se sabe quem o mal quer
(Ou quem quer o bem, mas por fraqueza perde o caminho da certeza)
Nem mesmo se é só uma crença
Ou se olho gordo come até tua sentença.
Só... Cala esta boca.
Cala-te, por favor.
Guarda pra ti esta necessidade
De gabar-se pro mundo,
De exibir o que teu ainda não é.
Recolha tuas roupas de marca,
Guarda teu dinheiro recém-conquistado,
Esconde o amor que floresce,
Pois do pensamento dos outros não se conhece a verdadeira essência.
Duvida de tudo e espera
Que a espera no fim recompensa.
E sai com um sorriso no rosto,
Que teus olhos contarão por ti quem é, enfim, feliz.